quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Idas e vindas

Passei quase três anos me apaixonando e desapaixonando. Na verdade, nem foram tantas vezes assim...
Mas pela frequência e facilidade de apego e desapego de que fui capaz, atribuo essa vulnerabilidade a estar carente.
Estar carente faz com que tu te apaixone até pelos cachorros da rua, vai dizer?!! Tu acha beleza em tudo! Depois que passa, tu dá uma olhadinha pra trás e pensa: "Caraaa, como eu pude?!!"
Pois é, faz parte, né?
Acho que aquela vontade (inconsciente) de querer se afirmar bem resolvido com a solteirice momentânea é um fator determinante pra não se apegar a ninguém. Apesar de tu te acostumar com a vida de casado (que era o meu caso), quando tu fica sozinho, tu quer mais é arejar a cabeça, sabe? Mas a bendita carência de vez em quando mostra a cara e tu já acha um pra se ocupar. Acho que tem a ver com isso também: vontade de se ocupar... Não que a gente seja um bando de desocupados... muito, muito pelo contrário! É outro tipo de ocupação, sabe? Aquela coisa de querer sentir uma pontadinha no estômago, o coração palpitando, a mão suando, aquela expectativa da novidade... é bom sentir isso... E acaba ocupando a gente que é uma coisa! Ocupa tanto que até atrapalha, às vezes! Tu não pensa em mais nada! Aff... principalmente se o negócio for intenso. Aí já viu! É como pegar um gripão, te debilita total e tu não faz mais nada direito, só quer ficar na cama... É...
....
E como todo gripão que se preze, depois de uma semana, uma semana e um pouquinho, logo passa...
Às vezes tu acha que nunca mais vai saber se apaixonar de novo... pensa: "ué, desaprendi?!" Dá aquela sensação de que quanto mais velho tu fica, mais ressabiado tu te torna. É como se tu já conhecesse todas as manhas, todas as "armadilhas" das paixões, como se tu já soubesse como funciona e, nada mais vai te surpreender... Triste?! Não. Não é triste não. É sem graça mesmo.

Outro dia, conversando com uma senhora, bem mais velha que eu, certamente com mais bagagem, mais desilusões e descaradamente mais conformada com o "andar da carruagem", ela me confirmou: "é assim mesmo." Disse ainda, que aquelas paixões avassaladoras faziam parte de ser jovem e que nunca mais será a mesma coisa. Que nunca mais vou sentir do mesmo jeito. As relações mudam. Chega um momento em que tu quer mais é ter alguém do lado, e pra isso não é preciso estar apaixonado. Basta que o indivíduo seja companheiro, amigo, que tenha afinidades contigo, enfim. O resto é construído com o tempo.
Quando ouvi todas essas coisas pensei: Vixe! Vai ser sempre assim, mesmo?!

Tá bom, as coisas não são tão sem graça quanto elas podem parecer... É que pra quem está viciado em intensidade, realmente fica complicado imaginar a vida mais clean. Chamo isso de ser saudável. É estranho? Sim. Mas a leveza que se experimenta também é algo belo. E não é sem graça não. É simples. É totalmente novo, diferente. É uma outra forma de se apaixonar. Não chega a ser como o que nossa amiga nos contou "ali em cima". Há luz no fim do túnel! Assim espero! Puta que pariu, nem eu acredito no que to dizendo! eheheh...
É interessante como a gente passa por transformações pontuais, conforme vai ficando mais maduro...

Pra falar a verdade, bem que eu gostaria de finalizar meu texto contando algo como:

"Depois de algum tempo pegando muitos resfriados, à deriva, finalmente meu navio encontrou um porto seguro. Não está mais de passagem. É nele que resolveu ancorar. Ao que tudo indica, estar em terra firme vai me fazer um bem danado... Chega de tempestades, chega de mares revoltos, de quase me afogar... 
Quando menos se espera, tudo está de novo em seu devido lugar."

Mas, desculpa aí. Não foi dessa vez.

Enfim, não sou muito diferente dos outros, né?! No fundo todo mundo quer um "chinelinho veio pro seu pé torto"... Alguém que queira ficar velhinho do nosso lado e tals...
Tu não?! Fala sério!
Bueno, vou ali ver se pego mais um resfriadinho enquanto isso. Tá tão frio, né?!