sexta-feira, 2 de novembro de 2012

De verdade, eu não vou ler.

Cara, sério!
Quando eu morrer, se ainda existir Facebook, por favor, não escreve recados pra mim na minha linha do tempo!
E pra quem leva tudo ao pé da letra, não importa a rede social do momento, não escreve pra mim!
É que, de verdade, eu não vou ler!
Se tu quer dizer o quanto foi ou é legal conviver comigo, contar alguma lembrança boa que tem de mim, faz isso agora. Tipo, agora eu ainda posso ler, tá ligado? Depois não!
Ok, que eu to com uma puta dor nas costas e um torcicolo que não me deixa, de vez em quando eu tenho  "umas dor", no estômago "dos inferno"... preciso visitar um oftalmo também... mas por enquanto, ainda posso ler.
Qual a utilidade de ficar se lamentando e escrevendo pra alguém que não existe mais?!
Se faz tempo que tu não me vê, e tem saudades de mim, então me conta agora!
Se tu brigou comigo e tem vontade de se desculpar, faz isso agora.
Se tu acha que vou fazer falta na tua vida e gostaria de me dizer isso, diz isso agora.
Porque, de verdade, "depois", eu não vou ler.
Só consigo pensar em um motivo pros caras encherem a time line do defunto de homenagens.
Vaidade.
Não é pra criatura, que já morreu, que tu tá escrevendo. É pra ti. É pros outros.
Ok, a tua dor é tão grande que tu não consegue perceber que isso tem a ver apenas com massagear teu ego?! Tá bom, desabafa então... mas desabafa pros outros, fala pros outros.
Não vai falar pra mim (caso eu já tenha "batido as botas").
É que, de verdade, eu não vou ler.
Eu respeito a dor dos outros, juro.
Eu mesma já perdi alguém muitíssimo importante na minha vida, sei como é.
Já faz tempo. Mas dói até hoje. Normal. Difícil aceitar a perda.
Mas (li no post de alguém hoje), "um belo dia se morre". Não tem jeito.
Se tu quer dizer algo pra mim ou sobre mim, não deixa pra amanhã, sério.
Vai que... né?!
Porque, de verdade, "depois", eu não vou ler.




terça-feira, 2 de outubro de 2012

Humano é errar

Esta frase: "Errar é humano", anda me incomodando um bocado. Tenho pensado nela de uns tempos pra cá.
Acho que tem algo errado nessa sentença. Algo talvez no resultado dela, algo no significado que isso implica ao dizermos "errar é humano". Uma frase aparentemente tão simples, mas com uma puta armadilha, que ninguém se deu, conta! Bueno, pelo menos nunca ninguém falou disso comigo! ehehe...
Pra mim, proferir "errar é humano" é o mesmo que desculpar o outro. Geralmente falamos isso quando alguém "faz merda" e daí dizemos: "Tudo bem, errar é humano!" Ou seja, justificamos o erro do outro como se o cara fosse feito só de acertos antes de tudo, porém, se acontecer de ele errar, não tem problema, faz parte! "Não se decepcione! Somos seres perfeitos, mas errar faz parte!" Acertar é humano, errar também é.
Penso que a frase deveria ser: Humano é errar. Talvez assim as pessoas não se punissem tanto. Acertar não seria uma obrigação.
Se aceitássemos que somos mais erros que acertos a vida seria mais leve.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Idas e vindas

Passei quase três anos me apaixonando e desapaixonando. Na verdade, nem foram tantas vezes assim...
Mas pela frequência e facilidade de apego e desapego de que fui capaz, atribuo essa vulnerabilidade a estar carente.
Estar carente faz com que tu te apaixone até pelos cachorros da rua, vai dizer?!! Tu acha beleza em tudo! Depois que passa, tu dá uma olhadinha pra trás e pensa: "Caraaa, como eu pude?!!"
Pois é, faz parte, né?
Acho que aquela vontade (inconsciente) de querer se afirmar bem resolvido com a solteirice momentânea é um fator determinante pra não se apegar a ninguém. Apesar de tu te acostumar com a vida de casado (que era o meu caso), quando tu fica sozinho, tu quer mais é arejar a cabeça, sabe? Mas a bendita carência de vez em quando mostra a cara e tu já acha um pra se ocupar. Acho que tem a ver com isso também: vontade de se ocupar... Não que a gente seja um bando de desocupados... muito, muito pelo contrário! É outro tipo de ocupação, sabe? Aquela coisa de querer sentir uma pontadinha no estômago, o coração palpitando, a mão suando, aquela expectativa da novidade... é bom sentir isso... E acaba ocupando a gente que é uma coisa! Ocupa tanto que até atrapalha, às vezes! Tu não pensa em mais nada! Aff... principalmente se o negócio for intenso. Aí já viu! É como pegar um gripão, te debilita total e tu não faz mais nada direito, só quer ficar na cama... É...
....
E como todo gripão que se preze, depois de uma semana, uma semana e um pouquinho, logo passa...
Às vezes tu acha que nunca mais vai saber se apaixonar de novo... pensa: "ué, desaprendi?!" Dá aquela sensação de que quanto mais velho tu fica, mais ressabiado tu te torna. É como se tu já conhecesse todas as manhas, todas as "armadilhas" das paixões, como se tu já soubesse como funciona e, nada mais vai te surpreender... Triste?! Não. Não é triste não. É sem graça mesmo.

Outro dia, conversando com uma senhora, bem mais velha que eu, certamente com mais bagagem, mais desilusões e descaradamente mais conformada com o "andar da carruagem", ela me confirmou: "é assim mesmo." Disse ainda, que aquelas paixões avassaladoras faziam parte de ser jovem e que nunca mais será a mesma coisa. Que nunca mais vou sentir do mesmo jeito. As relações mudam. Chega um momento em que tu quer mais é ter alguém do lado, e pra isso não é preciso estar apaixonado. Basta que o indivíduo seja companheiro, amigo, que tenha afinidades contigo, enfim. O resto é construído com o tempo.
Quando ouvi todas essas coisas pensei: Vixe! Vai ser sempre assim, mesmo?!

Tá bom, as coisas não são tão sem graça quanto elas podem parecer... É que pra quem está viciado em intensidade, realmente fica complicado imaginar a vida mais clean. Chamo isso de ser saudável. É estranho? Sim. Mas a leveza que se experimenta também é algo belo. E não é sem graça não. É simples. É totalmente novo, diferente. É uma outra forma de se apaixonar. Não chega a ser como o que nossa amiga nos contou "ali em cima". Há luz no fim do túnel! Assim espero! Puta que pariu, nem eu acredito no que to dizendo! eheheh...
É interessante como a gente passa por transformações pontuais, conforme vai ficando mais maduro...

Pra falar a verdade, bem que eu gostaria de finalizar meu texto contando algo como:

"Depois de algum tempo pegando muitos resfriados, à deriva, finalmente meu navio encontrou um porto seguro. Não está mais de passagem. É nele que resolveu ancorar. Ao que tudo indica, estar em terra firme vai me fazer um bem danado... Chega de tempestades, chega de mares revoltos, de quase me afogar... 
Quando menos se espera, tudo está de novo em seu devido lugar."

Mas, desculpa aí. Não foi dessa vez.

Enfim, não sou muito diferente dos outros, né?! No fundo todo mundo quer um "chinelinho veio pro seu pé torto"... Alguém que queira ficar velhinho do nosso lado e tals...
Tu não?! Fala sério!
Bueno, vou ali ver se pego mais um resfriadinho enquanto isso. Tá tão frio, né?!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Confiro-te o grau...

Nunca me esqueço de que, quando eu me formei no primeiro grau (na minha época era assim que chamava), meu pai chegou pra mim e disse que não teria mais condições de bancar meus estudos. Levei um choque. Perdi o chão. Todos os meus planos iam por água abaixo naquele momento. Afinal, eu já havia combinado com meus colegas mais chegados onde íamos estudar pra continuar sempre juntos. Era uma coisa importante pra mim. Alguns iam pra outras escolas mais longe, outros para colégios particulares, mas meus amigos continuariam comigo em uma escola estadual perto de casa. Fora que, putz!!! Eu tava grandona, né?! Passei pro segundo grau! 
O colégio, na verdade, não era tão perto, era preciso viajar de ônibus ida e volta todos os dias (e haja passagem!). Lembro que sua fala era cortante, como que me passava o recado (sempre intrínseco) de "não questione!" Mas logo ele complementou dizendo que se eu quisesse continuar estudando, teria que trabalhar pra cobrir meus gastos. Puxa! Então não era o fim! Senti um alívio e dei um jeito de arrumar um emprego rapidinho. Desde então, apesar de estar me formando um tanto tarde para os padrões, nunca parei de estudar. Tentei algumas vezes passar na UFRGS, pra isso, desde que terminei o segundo grau fiz cursinho pré-vestibular alguns anos, cheguei a estudar em uma outra universidade, mas não consegui manter as mensalidades. Nesta época, meu pai já havia falecido...
Sempre estudei em escola pública, foi então que resolvi tentar o PROUNI e fui fazer Publicidade.
Também nunca esqueço de que, um dia ouvi de minha mãe muito amolada, "pra quê estudar?" Pra ela, eu estava perdendo tempo e dinheiro pagando cursinhos, tentando vestibular, etc.
Na época fiquei muito chateada, além de boquiaberta com a falta de noção dela ao me dizer aquilo. Mas hoje, eu compreendo que nós tivemos criações muito diferentes e que as dificuldades que ela enfrentou, eu não cheguei nem perto, graças aos cuidados que tanto minha mãe quanto meu pai me dispensaram. Contudo, faz sentido que, de certa forma ela valorizasse mais o trabalho do que os estudos.
Meu pai estudou até a quarta série e depois ganhou a vida trabalhando duro, foi pedreiro, mestre de obras, foi artesão e virou comerciante. Tinha tino para os negócios. Era muito inteligente, bom de matemática que só ele, "se virava nos 30", pra que terminar os estudos, né?! Com este exemplo em casa, como eu podia achar que fazia diferença estudar?
Por essas e outras, quando penso nas malditas homenagens clichês que somos "obrigados" a fazer aos pais na colação de grau e, que até a pouco eu achava uma forçação de barra no fim das contas, é que me questionava, como vou agradecer ao meu pai que quase não me deixou estudar? Como vou agradecer a minha mãe, que um dia me disse pra desistir?! Os méritos são meus, oras!
Mas aí então eu penso que esses pequenos incidentes, apesar de marcantes, são tão insignificantes diante de todo o resto que fizeram por mim... Como por exemplo, quando eu era bem pequena, meu pai fazia os temas comigo. Me ensinava matemática. Abaixo de laço. Mas aprendi. É... "não dá pra dizer, puxa, como eu aprendi!" Mas na época, deu pro gasto! Ih... muito chorei tentando adivinhar quanto era cinco mais três, tipo... E quando eu tinha que passar os cadernos a limpo? Minha letra era um garrancho só! Ele não me dava moleza.
Agradeço aos meus pais, enfim, por conseguirem me educar, aos trancos e barrancos, por passarem o dia na rua trabalhando e às vezes até passarem fome, mas não deixarem faltar comida pra mim. Agradeço por me ensinarem a caminhar com as próprias pernas, me tornando independente.
Se não fosse o apoio deles, às vezes, de modo torto, talvez eu não tivesse conseguido chegar até aqui e estaria (quem sabe?) fazendo serviços domésticos para a ex-patroa da minha mãe, assim como foi com ela, que herdou a função da minha minha avó. Não que esse não seja um serviço digno! Não é isso! Se não fosse assim, eu não estaria bem linda e gorda, hoje! Mas não é o que eu vislumbrava para o meu futuro. Eu queria mais e... sabia que podia mais. Aí fui atrás com todas as dificuldades que pudessem me aparecer.
Agradeço especialmente a minha mãe, que mesmo depois de eu sair de casa, volta e meia ainda me quebra algum galho, me apoiando financeiramente, quando eu já deveria estar lhe ajudando.
Agradeço minha mãe, também porque, com o tempo ela se deu conta de que estudar não era em vão. E, muitas vezes que eu me queixei do quanto era difícil e cansativo, ela dizia: "Estuda minha filha! Falta pouco! Te forma pra melhorar de vida."
Então... aqui estou eu homenageando meus pais, não porque me vi forçada, mas porque eles realmente merecem. E se existisse "céu", tenho certeza que meu pai estaria lá agora emocionado, me olhando, cheio de orgulho e contente porque criou uma filha batalhadora, como ele, como minha mãe.

Taí o bendito canudo!!!
Aff! Até que enfim!


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Noites Brancas

Depois de ler Crime e Castigo, tentar reler duas vezes Notas do Subsolo e partir para uma terceira ainda, achei que Dostoiévski estava tirando um sarro da minha cara quando cheguei na metade do Noites Brancas. Resolvi dar um tempo da "historinha" porque estava achando sacal a amizade melosa e mal resolvida daqueles dois. Pensei: "Ah! Qualquer dia eu retomo!"
Hoje resolvi terminar o bendito livro. Quando estava quase acabando, o meu desejo era de que o autor matasse alguém no final, porque, putz! Que choromingação! Te contá! 
Enquanto lia não queria acreditar que a história corria o risco de confirmar sua chatice no final. Foi então que veio o ponto de virada. Ufa! Esse é o Dostoiévski que eu conheço! Não que a felicidade alheia não me toque, ou ainda, me irrite, mas foi muito tempo de sofrimento, cumplicidade, desejo e adoração, já estava ficando cansativo e até engraçado... eu pensava: isso não pode estar acontecendo!
Por fim a surpresa: Mulherzinha sem noção essa Nástienhka!!! Senti vontade de socar a cara dela! hauhauaha...
Mas depois ao final, não pude fugir à reflexão, que é justamente ao que o autor sempre nos incita. Não dá pra ler Dostoiévski sem depois ficar viajando, vai dizer?!
Afinal, o que tinha por trás disso tudo? Algo de surreal. O que geralmente chamo de surreal, interpreto como a mais dura, a mais pura realidade. O surreal é para mim "a coisa como ela realmente é". Por definição dizem que surreal significa além do real, algo ligado à estranheza, ao inconsciente, ao imaginário. É justamente a questão da estranheza que faz com que a maioria das pessoas classifiquem algumas coisas ou acontecimentos como surreais. 
Eu arriscaria dizer que muita gente que leu Noites Brancas, provavelmente achou o final surreal no sentido de adjetivá-lo como estranho, improvável, tipo, "isso no ecziste!!!" Eu achei surreal também, mas torno a dizer que o significado desta palavra (pra mim) é a mais pura realidade, a vida como ela é. E muitas pessoas estranham porque não querem ver ou ainda não acreditam que determinadas situações podem ser reais. Pois elas criaram outro mundo possível, mais fácil de se lidar, com suas regras e tudo no seu lugar, onde se pode ditar o que é certo e o que é errado e assim classificar tudo e todos. O que é real pra essa gente, na verdade, é pura fantasia! E quando têm oportunidade de se confrontarem com a "pureza/dureza" das coisas, não concebem.
O que tem por trás de tudo isso? Me pergunto de novo.

Uma das coisas que me chamou atenção, nos últimos trechos, foi um retrato do comportamento humano, sobre a questão das pessoas terem dificuldades com serem francas, dizerem o que sentem, o que pensam, dissimular, omitir... isso acarreta uma puta aflição porque tu não resolve o que está te incomodando. Prefere ficar julgando, adivinhando o que se passa com o outro ao contrário de esclarecer, promover um diálogo e ver no que dá. A chata da Nástienhka acaba se questionando sobre isso em um dos trechos, acompanha aí:

"...por que não havemos todos de ser como irmãos uns para os outros? Por que motivo, quando nos encontramos diante de outra pessoa, mesmo que ela seja a melhor do mundo, havemos sempre de esconder e de calar algo? Por que não havemos nós todos de dizer com absoluta sinceridade aquilo que trazemos no coração, quando sabemos muito bem que as nossas palavras não seriam em vão? Parecemos todos mais frios e taciturnos do que somos na verdade; pode-se dizer que as pessoas têm medo de se comprometer expondo com franqueza os seus sentimentos."

E não é que ela tem razão?!
Outra coisa que não passou em branco foi que Dostoiévski ao final da história parece traduzir o que é amar. E para muitos o modo como ele coloca isso é surreal. Pra mim o que ele fez foi dizer, "cara o amor é isso e assim é que se sente." 
É como se amar estivesse acima do bem e do mal. Não há julgamentos. Há o sentir, há a vida como ela é. 
A Nástienhka num primeiro momento, te faz pensar: "mas que mulher filha da puta, sem noção!!! Como assim?!" Mas aí então, tu "retrocede a fita", faz um balanço do que afinal existia entre os dois, até que ponto os dois foram culpados pelo próprio sofrimento ou ainda, pelo sofrimento do outro,  quem é responsável pelo o quê? E eu acabei chegando a conclusão de que, não há o que acusar, não há a quem acusar. A vida é isso mesmo. 
O amor continuou existindo apesar de. E aquele cara sonhador que se apaixonou por sua amiga, que gostava de outro, mas que por fim percebeu que também podia amar o amigo e, ainda assim, preferiu ficar com o outro, voltaria a sua vida miserável e sem sentido se escolhesse se afundar em mágoas, se escolhesse substituir o amor pelo ódio, se escolhesse se vingar e ficar longe. No caso dele, por que manter distância de algo que certamente lhe traria mais coisas boas do que se estivesse levando sua vidinha monótona?
Ele escolheu amar apesar de. E pra quem acompanhou o contexto, leu e sabe do que estou falando, digo que sua escolha não tem nada de surreal. É a vida como ela é. Ou como ela deveria ser. Talvez a gente sofresse muito menos se fantasiasse menos.
Dostoiévski tu é foda.

domingo, 22 de julho de 2012

Trocar de posição? Só se for na cama...

Uma pesquisa que fiz, recentemente sobre a campanha da Bombril - Mulheres Evoluídas, apontou que homens e mulheres pós-modernas estão cada vez mais caminhando juntos. Diferentemente do que foi representado nestes comerciais em 2011, a inversão de papeis não é vista com bons olhos nas relações de gênero.

Homens e mulheres estão dividindo o mesmo espaço, aprendendo a conviver em pé de igualdade, dividindo as mesmas tarefas dentro de casa e evoluindo juntos. Falar em gênero, não significa mais falar apenas da mulher e sua condição. O conceito de gênero engloba tanto o sexo feminino quanto o masculino, mas não mais baseado no fator biológico e sim social. Conforme Scott, não é possível estudar a mulher sem se preocupar com o homem, pois os dois se inter-relacionam.
Isto se confirma ao longo do meu estudo, pois pode-se perceber que as mudanças geradas com os movimentos sociais, principalmente o feminista, afetaram não só as relações de trabalho, mas as relações pessoais. Pois, as identidades que antes eram fixas, agora passam por um constante processo de transformações.

Se no passado, não tão distante, a sociedade se mantinha segundo um sistema patriarcal e machista, atualmente esses padrões comportamentais estão perdendo terreno e são considerados antiquados para os novos tempos.
Nas relações de gênero pós-modernas, igualdade é a palavra de ordem e, o machismo disfarçado de mulher, na campanha Mulheres Evoluídas, não conquistou o grupo de entrevistados que foi escolhido segundo o seu  público-alvo.

Parece que, quanto mais acesso às novas tecnologias, à informação e a educação as pessoas têm, mais seletivas elas se tornam.
A mulher evoluiu. O homem também. E por causa deste público, que está cada vez mais crítico, é que a publicidade precisa se reinventar sempre.



segunda-feira, 18 de junho de 2012

A tristeza é cinza. O dia também.

"O inferno são os outros."
(Sartre)

Volta e meia eu dizia que tinha que viver sozinha.
No auge do desespero e da autopiedade chegava a me intitular como um monstro, um bicho que tinha mais é que viver no mato, longe de tudo e de todos, assim, sofreria menos e não faria ninguém sofrer.
Em dias assim, a solidão vem a calhar. A solidão é boa. Na verdade, gosto de estar comigo.
Em dias assim, não tenho vontade de ver, nem de ouvir, nem de falar com ninguém.
Tudo o que penso é: "Não me amolem!"
Não quero pena, nem cumplicidade.
Só o que ainda suporto são meus pensamentos...
Em dias assim, eles borbulham e, talvez seja por isso que não quero contato humano.
Em dias assim, eu desisti das pessoas.
Essa inquietude também me cansa, enfim... chega um momento em que a vontade é de sair porta a fora, como se caminhar sem rumo fosse me trazer de volta pra vida, apesar de que, em dias assim, não quero voltar.
Em dias assim, não existo.



segunda-feira, 14 de maio de 2012

E viva às diferenças!


Tá bom. Mulheres são diferentes de homens, sim. A começar pelo o que temos no meio das pernas.
Porém,  conforme uma matéria que li na Superinteressante, até a oitava semana de gestação todo mundo é mulherzinha! Eheheh... é que até aí os órgãos sexuais não estão desenvolvidos, e os níveis de testosterona ainda não  foram “implantados” na criaturinha que ta se formando. Quanto maior o nível desse hormônio, mais homenzinho tu te torna. Bom, mas isso é biologicamente falando, né?!

Também há outras diferenças, ainda biológicas, que dizem respeito ao comportamento, como o fato de os homens serem mais agitados na infância até a adolescência, do que as mulheres. Eles tem problema de autoridade, consequentemente, são mais pentelhos, dão menos ouvidos quando são chamados à atenção. Já a mulher é mais comportada, mais atenta e obedece mais. Resultado disso, na escola, é que elas tem maiores notas, e geralmente levam seus estudos adiante, enquanto grande parte dos homens não está nem aí. O número de mulheres que entra em um curso superior é maior do que o de homens.

Outra coisa que havia esquecido de citar é que o homem, embora seja difícil de acreditar, é mais frágil que a mulher! Sim. Pois é. Também li isso na Super. É que nesta matéria diz que o número de homens que são gerados é maior do que o de mulheres, mas como o sexo masculino é um anticorpo para o corpo feminino, a tendência da mulher é querer expulsá-lo e por isso, o menino sofre um bocado quando está tentando se desenvolver no útero. Daí também o número de abortos masculinos ser maior que o feminino. Os “gurizes” não aguentam tanta pressão! Eheheh....

Mesmo com tudo isso, de as meninas serem as mais fortonas, as mais estudiosas e comportadas, os homens ainda são os mais bem-sucedidos em suas carreiras. No mercado de trabalho são os que ganham mais em relação às mulheres. Uma pesquisa que vi, do Censo 2010, diz que aqui no Brasil os homens ganham em torno de 40% a mais de salário. Pois bem, também fiquei sabendo que na verdade, o problema está em os caras serem mais competitivos que as gurias.  
      
Mas isso não é biológico! Isso é culpa das próprias mulheres! Sim, isso mesmo. As mães são culpadas, pois acreditam de antemão que mulher é sexo frágil e, por isso acabam poupando as meninas (desde pequenas) na hora da adversidade, e expondo os meninos aos maiores desafios.
Os guris, desde pequenos, se condicionam a serem audaciosos, corajosos e competitivos. No fim das contas, quando o assunto é carreira, homens negociam mais que as mulheres. Se, além disso, pinta uma questão de competição no meio da oferta de emprego, os homens vão lá e se atiram! A maioria das mulheres é menos competitiva. Também, os cargos que a mulherada escolhe são profissões que pagam em média, menos do que os cargos que os rapazes preferem. Não é a toa que há tanta disparidade no mercado de trabalho.

Uma coisa interessante que vi nisso tudo que andei lendo por aí é que, quando a mulher apresenta características “masculinas” como as que te contei, por exemplo, é mais competitiva, mais audaciosa, com mais atitude, independente, ela não é vista com "bons olhos" pelos outros. Ainda, nos dias de hoje, é atribuído o estigma de sexo frágil às mulheres. É assim que acontece...se não a identificamos como tal, pinta uma estranheza, e hostilizamos a coitada que não se enquadra nos padrões, que vamos combinar, já estão pra lá de ultrapassados.
Tchê, somos diferentes, não inferiores.

Observa um pouco: toda sociedade mudou, gente! O sujeito contemporâneo não segue padrões fixos, está em constante transformação. "Tudo muda o tempo todo", e com uma rapidez difícil de acompanhar!
Pois bem, apesar das diferenças escancaradas, fica sabendo que as mudanças no nosso contexto são efetivas e significativas; que a mulher tem sido grande responsável neste processo e, que é possível encontrar um meio termo entre os papéis que um dia criamos para cada sexo.

O que continua talvez nos separando é uma questão de educação e atitude. E isso começa em casa, não só como responsabilidade das mães, mas como dos pais. Até porque, atualmente, nem a família segue aquele padrão tradicional de ser formada por mãe, pai e filhos.
Au revoir!














Fonte: Revista Superinteressante; Jun/2011

domingo, 29 de abril de 2012

Sem tempo

O mês de abril "tá se indo" e a Mara não escreveu nadaaaaa!
Pois é, "gente amiga", este semestre depois do início das aulas, não consegui mais arranjar tempo pras minhas divagações e afins...


Estou produzindo meu artigo (TCC) na faculdade, pois estou me formando e, a correria (ou a pressão psicológica pra fazer isso direito e terminar logo) é tão grande que não dá pra pensar em mais nada, a não ser nos textos que tenho que entregar, nas pesquisas que tenho que executar, nas leituras que tenho pra fazer... Aff!!! É um eito de cousas! 

Ops!!! Pára tudo (o correto é para, sem acento, ok?! Só quero facilitar a leitura)!!!



Na verdade usei a palavra eito de propósito porque, esta semana, conversando com uma colega da OSPA algumas amenidades, ela colocou-a no meio de uma frase e logo emendou um "como diz o pessoal do interior." Bueno, não só no interior, como lá pras bandas de Viamão city, como meus avós, como toda minha parentada também dizia.... Ouvi muito este termo deles para designar um mundaréu, um montão, um tantão, uma caralhada de coisas. Sendo mais formal, uma grande quantidade, distância, etc. 

Fato é que fazia tempo que não escutava essa palavrinha, deu até uma nostalgia... ehehe... ela fazia parte do meu cotidiano, assim como tantas outras em que volta e meia a gente acaba escorregando e enfiando no meio de uma frase. 
Enfim, nem todo mundo conhece. Algumas soam estranho aos ouvidos mais contemporâneos, daí é o momento de explicar o que significa, de onde a gente tirou, e aquela coisa toda... se tem um mais folgado por perto, já me chama de velha! De verdade? Se for por isso, tenho "mó" orgulho de ser velha! Tem uma espécie de ligação com a história, sabe? De muitas experiências vividas, bastante causos pra contar, de enxergar o mundo e as pessoas de um outro ângulo que só a maturidade (ou a velhice, como queira) pode te proporcionar. Bom, também não adianta ter noventa anos e ter passado batido pela vida sem prestar atenção nela, né? É uma relação de amor com o sentir-se vivo, com o existir... não só isso, mas com o querer entender, conhecer...

Voltando ao nosso termo em questão, eito é sim uma palavra bem antiga, segundo o que eu pesquisei, tem origem lusitana, é da época dos escravos. Conforme "o seu Aurélio", significa: Roça onde trabalhavam os escravos. Além disso, se utiliza popularmente para referir-se a uma grande quantidade de terra agrícola sem dimensão estabelecida, apenas grande ou extenso. Ah, dizem que é o nome de uma ilha de Cabo Verde também. Daí, é que a gente acabou adaptando o significado e estendendo a diversas situações.

Mas pra quem anda sem tempo de divagar, até que eu falei bastante por hoje, né?! E claro, to com uma puta culpa agora porque deveria estar estudandoooooooo!
Então, pessoas, "fui mi já!"
;)

domingo, 11 de março de 2012

A porra dos "ensinamentos do Pequeno Príncipe" (Aquelas Auto-Ajuda)


Eu não curto muito aquela "máxima do Pequeno Príncipe": você é eternamente responsável por aquilo que cativas. Sinceramente, acho um puta pé no saco isso de carregar o peso dos outros pro resto da vida. Isso de ter que cuidar do outro, de se preocupar, de pisar em ovos, de não magoar, de deixar de ser tu mesmo pra ser legalzinho... Sim, essa sou eu! Tá, de vez em quando.... não sempre. 

Mas enfim, o que eu queria dizer é que, às vezes, acho que "ele" tinha um pouco de razão... porque quando o nosso calo aperta é que a gente se dá conta do quanto joga nas mãos do outro essa responsabilidade. Quem aí não gosta de ser cuidado?
Por mais que tu tente controlar, tente racionalizar, "as expectativas surgem", e se a criatura não corresponde, tu já acha que ela gosta menos de ti, não te valoriza, não tá nem aí, é um "fiadapu!", e por aí vai... criamos um padrão de comportamento baseado em nossas atitudes, no que a gente entende por cuidado e... pronto! "Tá feita a cag..." bom, deixa assim... 
A gente esquece que cada pessoa é uma caixinha de surpresas, que pensa e age totalmente diferente uma da outra, que, até cruzar o nosso caminho, acostumou-se a ver a vida, as relações e tudo o mais de outra forma, às vezes, nada a ver com a nossa.  
O resultado disso é que lá estamos nós querendo um cuidado que não vem, magoado-se involuntariamente, criando mil fantasias (das piores possíveis) e descarregando tudo no coitado que tem que ser "eternamente responsável por aquilo que cativou..."

Na verdade, essa máxima é quase como a religião, já vem embutida no "kit de sobrevivência de como se comportar no mundo" que dão pra gente logo que a gente nasce. 
Acho que estão fazendo isso errado, hein?! Estão ensinando a gente errado, kct!!! Se dissessem pra gente, desde pequenos, que ninguém tem de ser responsável por nós (pelo menos quando grandinhos), talvez a gente "sofresse" menos, né?!
É muito lindinho esse ensinamento do "Pequeno Príncipe", bastante romântico até, eu diria... mas é digno de provocar um "estrago quase que irreversível" em nossas personalidades... Pô, tem gente que se mata porque se vê mal amado! Isso é sério! To indo ali agora! 
Brincadeirinhaaa... eheheh... a vida não vai se livrar da Mara tão cedo (no que depender de mim, claro!)

Então, já que "gente grande é complicada", como o próprio dizia, o negócio é não fantasiar! É ter empatia, conversar... isso!!! Principalmente conversar!!! Sei que tem gente que não gosta, que chama isso de ter uma DR* e... ter uma DR tem um significado chato, a galera já pensa: "Ih!!! Lá vem incomodação!"  É... ninguém tá afim de se incomodar, mas não se dá conta que pra poder conviver em harmonia, pra conhecer o outro, é indispensável bater um papinho esclarecedor.

Imagino que todo mundo gosta de ser cuidado, né?! Huuuummm.... Acho que é isso que  Le Petit estava tentando alertar... se todos gostam de cuidados, todos tem que cuidar! "É dando que se recebe"... e todo aquele repertório que tu já conhece...Daí a jogar a "responsa" no outro... é outros quinhentos! 
Vai lá e conversa... mas na boa, né?! 
Desarme-se!




 *DR - discutir a relação

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Tu já tá sabendo?! Não, né?! Ainda não contei...


Seguinte:
Desde ontem, resolvi entrar em mais uma rede social (como se não bastasse Twitter, Facebook, LinkedIn e meus queridos Blogs)!!! Ah, já saí do Orkut!
Agora estou conectada ao Google+ e pelo visto, os caras querem globalizar tudo!!! Tá virando tudo uma coisa só, "praticamente"... pois bem, eis que meu perfil inicialmente editado foi pro espaço e substituído pelo do Seu Google+.

Eu que não curto muito essa chatice de ficar me apresentando mesmo, deveria estar nem aí, né?!
Mas, no fim das contas, eu acabei me apegando ao meu "textículo" que escrevi pra vocês me conhecerem e fiquei com pena de apagar. Não é que tenha ficado lindo, é que, o que eu tenho colocado aqui, mesmo que fique ruim (vai saber!), é como se fosse uma extensão de mim mesma... Sabe um pedaço do braço? Uma parte da mão?! As unhas crescendo (que analogia, putz!)?!
Tá, exagerei... to na TPM, fico mais sensível, dá um desconto aí!

Na verdade, nem precisa disso aí pra matar a curiosidade. É só ler todos os textos que eu postei até agora e pronto: Essa sou eu!
Não é meu diário, hein?! Só pra avisar... (tri que fica se defendendo)
De qualquer forma, mantenho o que tinha escrito quando fiz este Blog.

Não sei se alguém já percebeu, mas tenho o outro, o Papo de Boteco. Esse daí eu "iniciei os trabalhos" mas não dei continuidade. Não significa que ficará parado! Logo, logo, volto à ativa e boto pra funcionar o negócio de novo, tá?!
Enquanto isso, vai lendo minhas "divagações, saudosismos e outras viagens". Aliás, não sou turista, mas tenho viajado bastante por aqui. = P
Enfim...
Muito prazer! Seja bem-vindo, mais uma vez!

Segue a apresentação do meu perfil:

"Não gosto desse tipo de apresentação que sempre nos solicitam nas redes sociais, blogs, no colégio e na facul. "Quem sou, de onde eu vim, pra onde vou e do que eu me alimento", sabe esse tipo de coisa? Sempre acho que estamos nos resumindo, que isso não é o suficiente e, na verdade, não é mesmo. Apesar da curiosidade de alguns, no momento isso pouco importa. "Mas já que insiste", te digo que sou alguém que gosta de dar gargalhadas, cantar (não sou uma Cecília Bartoli, mas tudo bem), gosto de botecos, gosto da noite, gosto de gente, gosto de estar rodeada de amigos, também gosto de ficar sozinha; gosto de ler, gosto de séries, filmes, gosto de cinema, gosto de pipoca, gosto de encher o saco. Onde "já sou de casa", geralmente chego fazendo tumulto (bagunça, falando alto). Bom, isso é o que dizem, né?! Então... acho que "por hoje é só pessoal." Claro que não vou falar dos meus defeitos aqui, sim?! O que é bastante normal, afinal todo mundo quer parecer legal à primeira vista. Tá, não vamos exagerar, dizer todo mundo faz isso, todo mundo faz aquilo, é uma tentativa de justificar os próprios atos (#Reflita)."

Agora... não querendo ser chata... tá vendo ali na parte à direita do blog, um pouquinho mais pra cima... isso! Viu, né?! É só clicar no mês que tu quiser. A Mara escreveu um monte de coisa do semestre passado pra cá. Tá esperando o quê?! Lê logo! Pode participar, eu deixo. :)
Hasta la vista!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Tenho apenas uma chance?

Um amigo, outro dia, me propôs que pensasse numa resposta pra esta pergunta. De cara achei-a um tanto vaga, pois logo essa frase me remeteu a outras perguntas. Afinal, uma chance no que, de que, em que situação? Mas segundo ele, posso escolher qualquer uma dessas questões e respondê-la.
É o que tentarei fazer agora.

Volta e meia ouvimos alguém falar "só se tem uma chance na vida." E acho que essa frase faz muito sentido, pois eu não sei o que o futuro me reserva, e o futuro é o meu próximo segundo, ok?! Pode ser que eu não esteja viva no próximo segundo... Acho que posso dizer que ter uma chance é o mesmo que ter uma oportunidade, né? Bueno, levando-se em conta que eu só tenho o meu presente, e que a oportunidade me está sendo oferecida no presente, sim, tenho apenas uma.
Mas se eu pensar em um jogo, por exemplo, geralmente tenho mais de uma chance.
Posso contar com a próxima se quiser. Porém, quem me garante que eu poderei aproveitar a próxima chance? Afinal do futuro, nada sei. Interessante que caí na seguinte questão: chances devem ser aproveitadas. Está dado que a chance é uma oportunidade oferecida. Você pode escolher se quer ou não fazer uso dela.
Então, mesmo que me ofereçam dez chances para algo, eu só posso contar com uma, segundo o que postulei.

Há apenas uma chance. Se você acha que ela pode ser importante na sua vida, aproveite-a, pois mesmo que você continue vivo por mais alguns anos, o momento já passou. A vida é efêmera. E a hora é agora. Você só tem o presente.
É como se fosse um sentimento de urgência, e uma das coisas que me faz pensar sobre não deixar passar nada, é a morte que está sempre a nossa espreita, a morte representa o fim, o irreversível, o ponto final. Não há nada que possa ser feito quanto a isso. Quando ela chega é o "game over".  Não dá pra voltar atrás, não dá pra pedir uma nova chance... E é sempre diante dela que a maioria das pessoas se dá conta que deixou de dizer ou de fazer muitas coisas que podia ter feito. Se a gente sempre lembrasse disso, aproveitaria muito mais cada minuto.
Lembrei deste poema do Mário Quintana que, a mim, parece traduzir um pouco dessa urgência a que me refiro. Segue:


A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas: há tempo...

Quando se vê, já é sexta-feira...

Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Depois do fim


"It's time the tale were told
Of how you took a child
And you made him old..."


Enfim... eles se separaram. Parece que tiraram um peso das costas.
E agora, dois anos depois, ele está casado novamente. Ela não. Talvez estivesse, se realmente quisesse. Mas não quis.
Tomou outro rumo. Voltou a ser o que era, ou nem tanto...
Em onze anos as pessoas mudam. Contando que passaram-se mais alguns... é... ela não é mais a mesma. Nem a de antes, nem a de depois (aquela que ele conheceu). Veja só no que ela se transformou:  em uma mistura dos dois...
A vida é realmente muito "engraçada". Ontem eles eram um casal -"os dois contra o mundo". Hoje, não passam de estranhos com uma história em comum. Apesar de toda "herança" que ele deixou pra ela, um não faz mais parte da vida do outro, às vezes, nem em pensamento.
É como voltar ao início, antes dos dois se conhecerem, muitas vezes estiveram perto, talvez nos mesmos lugares, cruzaram a mesma calçada, falaram com as mesmas pessoas, tinham os mesmos amigos, mas não davam conta da existência um do outro. Depois do fim, a mesma situação se repete, mas agora há uma história construída a dois que ficou guardada no passado, numa espécie de baú bagunçado do pensamento em que não pode ser remexido. Não ainda...
Mas um dia os dois cruzam um pelo outro na rua, na mesma calçada... é, esse é o cara que significou um monte pra ela, aquele que provocou mudanças sérias em sua vida, nesse dia ele passa por ela acompanhado, ali, na mesma calçada,  talvez nem a perceba... essa pessoa, que está acompanhada por outra, é certo que levou um pouco dela no que se tornou agora... mas ele tem outra vida, convive com outros, está em "mundo paralelo", não partilha mais do mesmo que o dela, apesar de estar ali, bem em sua frente, na mesma bendita calçada...
Às vezes ela se pega pensando nele e sente uma nostalgiiiiaaa... muitas dessas vezes quis saber como ele estava, se de vez em quando ainda lembrava dela...
Logo no início, depois do fim, quase tudo que fazia, ou que via ou que acontecia ao seu redor, dava vontade de contar pra ele, de compartilhar, de saber o que ele achava... a gente se acostuma, sabe?! Não raro, isso ainda acontece...
É... tudo passou tão depressa!
Enfim, ela nunca esquece.
Na verdade, é bem mais que isso. É como respirar. Não dá pra fazer de conta que nada aconteceu um dia. Isso se tornou parte dela, não importa o que vier, não importa quem vier.
Não há como se desfazer do passado e de tudo que ela aprendeu nesses últimos anos...
Veja bem, isso não significa que ela quer revivê-lo.
Tão estranho lembrar de alguém que não morreu, mas que se apartou de ti, como se tivesse ido pra uma outra dimensão...
O que antes ela julgava ser sua outra metade, hoje, não é mais.
É assim mesmo, sabe?! E não é que a vida continua?! 
"Ninguém morre."

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sobre um post no Face: Erros de Pontuação.


Ontem fiquei intrigada com a tal vírgula separando o sujeito do verbo em uma frase de um outdoor da Coca-Cola. Veja posts anteriores no meu mural.
O que me deixou mais boquiaberta foi o fato de este outdoor ter sido criado por uma agência "fodona" aqui de Porto Alegre, a DCS (segundo informações postadas aqui do site Propaganda RS pela Karina Piazenski).
Enquanto eu não sabia qual era a agência responsável por este "erro", me pus a criticar ferrenhamente, defendendo com unhas e dentes que não se coloca vírgula entre sujeito e verbo. Por quê? Ora, pois! Para mim isso era uma regra e quem trabalha com comunicação tem a obrigação de saber. Outra coisa é que a gente sempre acaba atribuindo esse tipo de erro a um "Zé da Esquina".

Mas, quando me dei conta dos responsáveis pela campanha, como disse em um dos comentários, "me caiu os butiá do bolso"! Não porque cheguei à conclusão de que até os fodões erram. Mas, sim, porque pensei: "eles não podem ter errado deste jeito! Há algum propósito nisto tudo! Não foi de graça aquela vírgula (desnecessária) separando o sujeito do verbo!" Justamente porque a DCS é considerada uma agência top, já ganhou vários prêmios, e o mais importante: tem grandes contas, o que torna sua responsabilidade cada vez maior.

Por este motivo, voltei ao meu "Guia Prático do Português Correto" - vol 4, do professor Cláudio Moreno, para tentar descobrir qual o propósito desta incomodativa vírgula enfim, já que uma certeza eu tinha, não deveria estar ali.

Para explicar melhor, primeiramente transcrevo alguns trechos sobre as mudanças que ocorreram desde a Idade Média pra cá, sobre a finalidade da vírgula:

“... houve mais que uma simples mudança na regra; o que ocorreu foi uma mudança radical na concepção dos motivos para pontuar. A pontuação baseada nas pausas vem do tempo da Idade Média, quando o Ocidente ainda não havia introjetado o hábito de leitura silenciosa. Todos liam em voz alta,  e os sinais de pontuação serviam, portanto, para marcar as pausas e as entonações."

"À medida que a leitura passou a ser silenciosa (e, por esse motivo, muito mais rápida), deixou de ser necessário fazer a marcação das pausas, liberando a pontuação para outra finalidade muito mais importante: facilitar ao leitor o reconhecimento instantâneo da estrutura sintática das frases."
(Guia Prático do Português Correto - vol 4, de Cláudio Moreno. Porto Alegre, L&PM, 2010)

Então, antes a vírgula marcava as pausas; agora sua finalidade é facilitar a leitura e a compreensão.

Um trecho que achei interessante destacar sobre isso:
"...todo sinal implica em uma pausa, mas nem toda pausa tem seu sinal correspondente." (Português para Convencer, de Cláudio Moreno e Túlio Martins. São Paulo, Ática, 2006.)

Continuando, pelo o que pude apreender das coisas que li, não posso defender que é uma regra usar a vírgula entre o sujeito e o verbo, mas sim, não é aconselhável. É desnecessário. Mas não posso dizer que eles (o pessoal lá da Agência) erraram, visto que, apesar de a pausa estar dada, mesmo não precisando da vírgula, muitas pessoas ainda continuam com a ideia antiga. É como as coisas que aprendemos com nossos antepassados e que continuamos repetindo sem questionar. Se eles sempre fizeram assim e deu certo, por que não fazer?! "Não coma melancia com leite, faz mal." Até você se acostumar com a ideia de que isso não procede, leva tempo.

Pensando nisso tudo, acho que este outro trecho do livro do professor Cláudio Moreno, resolve bastante o que acontece hoje.
Aqui ele responde a uma dúvida de um leitor inconformado com a insistência de alguns em colocar vírgula entre o sujeito e o verbo. Segue:

"...posso assegurar que a escola não tem culpa nenhuma. Não é por falta de aviso que os brasileiros cometem esse erro, pois todo professor de Português que conheço vive combatendo essa vírgula com a pouca energia que lhe resta. O segredo está, na verdade, na primeira parte da pergunta: por que alguém teria vontade de pôr uma vírgula bem naquele lugar? A resposta é muito simples: o responsável por essa estranha mania foi o ensino da pontuação baseado nas pausas, que vigorou por muitos séculos e chegou, ao menos no Brasil, até a alegre década de 60, ainda no século XX. Já foi comprovada a espantosa influência que nossas primeiras professoras exercem sobre as crenças que teremos sobre a linguagem ao longo do nosso percurso para a Vida Eterna. Aquilo que ouvimos nas primeiras letras vai nos acompanhar pela vida afora - para o bem ou para o mal -, e poucos são os que conseguem questionar os ensinamentos recebidos naquela tenra e feliz idade. 
Ora, se perguntarmos a qualquer brasileiro onde fica a pausa mais acentuada da frase, ele vai apontar exatamente para aquele espaço privilegiado que separa o final do bloco do sujeito do início do bloco do predicado. Se você quiser testar, convença duas pessoas a ler as frases abaixo em voz alta e preste atenção no local em que elas vão fazer uma pausa mais marcada:
Os quatro jogadores da Seleção # chegaram ontem a Barcelona.
O rato, o burro e o leão # resolveram firmar um pacto de amizade.
Posso apostar que todos os leitores farão a maior pausa bem onde eu pus o #. É evidente que não podemos pôr uma vírgula aí - mas são tantos os brasileiros que sucumbem a essa perigosa tentação que este é, sem dúvida, o nosso erro mais comum em pontuação. A culpa não é deles: formados que foram pela teoria que associava as pausas com os sinais de pontuação, acham muito natural pespegar ali aquela vírgula que todos condenamos - o que obriga os professores a lutar quotidianamente contra ela. Em outras palavras, é como se distribuíssemos caixas de fósforos a todos os macacos da floresta e passássemos o resto da vida a apagar os incêndios que nós mesmos provocamos."
(Extraído do livro Guia Prático do Português Correto - vol 4. Cláudio Moreno. Porto Alegre, L&PM, 2010)

Pois bem, acho que está explicado o motivo pelo qual erros de pontuação, como este do Outdoor da Coca-Cola, acontecem.
No início introduzi o assunto afirmando que, pelo o que apreendi do que li, não posso dizer que eles estavam errados. Mas chegando até aqui, vou me contradizer. Afinal, neste processo de escrever e rever o que eu havia lido acabei percebendo coisas que eu não "tinha me ligado" antes.
Se a finalidade da vírgula mudou e, hoje é aconselhável que não a coloque entre o sujeito e o verbo, continuo acreditando na inutilidade da tal vírgula naquele Outdoor e acho que a partir disso, posso sim, dizer: está errado! 

A propósito, escrevi este texto hoje pela manhã, pois fui dormir com este assunto na "caixola" e acordei pensando nele ainda. À tarde fiquei sabendo que admitiram o erro e que já estavam tomando providências para tirar a vírgula (pentelha) dali! Ufa! Tremenda responsabilidade essa nossa de atuar na área da Comunicação, hein?! Vai saber quantos erros vão encontrar neste meu texto também?! Bueno, acontecendo isso, por favor me avise e justifique, adorarei aprender um pouco mais. 

sábado, 7 de janeiro de 2012

Que tal Filosofia da Linguagem? "Posso falarrrr?!"


"O homem possui a capacidade de construir linguagens com as quais se pode expandir todo sentido, sem fazer ideia de como e do que cada palavra significa - como também falamos sem saber como se produzem os sons particulares."
Ludwig Wittgenstein


Eu havia escrito este trecho abaixo (talvez ingênuo, ainda não sei!) há alguns meses. Provavelmente tratei disso porque algo me irritou profundamente! To brincando, é que às vezes eu fico observando as pessoas mesmo e, claro, eu não fujo à regra, também fico com o meu "botãozinho ligado" pra tudo que to fazendo ou falando... e nunca me dei conta de que podia estudar filosofia da linguagem. Sem querer, "acabei caindo" em Wittgenstein e achei esta citação acima. Bem parecida, aliás, com o que eu percebo no convívio com os bípedes, definição carinhosa (estou sendo irônica) de Schopenhauer para a maioria dos humanos.

Não confio muito em citações retiradas da web, mas achei interessante e vou confirmar se realmente foi isso que o filósofo escreveu, ou ainda, se é dele mesmo. Por enquanto, vou manter como está! Prometo que assim que descobrir, me retrato e trago mais novidades sobre o assunto. 

Ah, e caso alguém que conheça o tema, esteja visitando meu blog e queira comentar, trazer mais informações, etc., por favor, faça isso!
Segue:

Muita gente atribui uma carga maior às palavras, certamente porque não tem intimidade com elas. Percebo que   dão um significado negativo, usam (ou deixam de usar) como uma espécie de xingamento.
Quer saber? Às vezes, as coisas são mais simples do que pensamos. Pega um dicionário, vai ler um livro, "experimente você também". O contrário também acontece, tem gente que tem "ejaculação precoce" de palavras e nem se dá conta do peso que isso tem. Aí depois, tenta ficar se explicando com um "não foi isso que eu quis dizer!" Sem contar quando se enfurecem porque seu interlocutor entende de outro jeito e acham que o cara tá complicando quando as dúvidas surgem... 
Eita bichinhos difíceis vocês, viu?!


Isso me lembra "O Trágico Dilema", de Mário Quintana:
"Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro."

Tá, não vamos exagerar! Até porque esta frase, a mim, parece um tanto agressiva e questionável, justamente porque estamos decidindo que alguém é burro! Mas afinal, o que é ser burro? Por que chamamos alguém de burro? E mais, por que chamar alguém de burro, pode parecer agressivo? Há a possibilidade de não parecer agressivo? Será que minha entonação de voz, minha expressão facial influencia no modo como isso vai ser recebido? Eu acredito que sim, influencia, segundo minha experiência empírica...
Então?! Eis uma questão sobre o significado das coisas que a gente emite ou ouve. Complicado, não?!
"Por enquanto é só pessoal!"
Vou lá, estudar um pouco...